sexta-feira, 29 de março de 2013

SpinLeaks

Trata-se da experiência referente às conseqüências do ser invasivo, do não dizer-se suficientemente, do não enunciar_se, do não anunciar-se, do entrar pela porta que não está aberta. A não ser que você assuma-se como alguém que quer, propositalmente, invadir, ser invasivo, não pode se surpreender com a resposta do outro,  que pode inclsusive mata-lo, os exemplos estão por aí, mortes decorrentes de invasão de propriedade do outro, que digam os personagens da tragédia de Eldorado dos Carajás, que redundou na morte de 19  invasores do MST. A história é a mesma. Não se pode invadir o e-mail do outro. Ninguém gosta de receber mensagens de desconhecidos, nem via e-mail nem por telefone. A Cecília Cotrim está mais do que coberta de razão. JL foi, embora sem saber, invasivo até dizer chega: “CHEGA!!!!!!!!!!!!!!!!” Tais fatos não deixam de ser enriquecedores e fonte de aprendizado para JL. Tudo faz parte desta história_anamnese. Anamnese de uma comunidade que, às vezes, de um sistema.


Camila: qual é seu nome artístico?

JL: não tenho nome artístico. Aliás, tenho vários nomes. Às vezes sou MMMV,  Metade Mortífero Metade Vivificante. Às vezes  SPIN, Sistema Patológico Informativo Nato. JL,  D, Da Lata, e por aí vai.

Camila: no momento você é quem?

JL: no momento  quem fala com você é  MPMP, Metade Poético Metade Patológico. Um deus que não é duas partes, não é dualidade, mas uma só parte formada por duas:  negro e branco, morte e vida, poético e patológico, etc,  duas metade formando um só corpo_olho_ser.

Camila: quem é seu médico atualmente?
MPMP: nem sei. Não sei se é o Lepê ou o Jorge de Lima ou Carlos Lima Melo ou você. No momento, você é que é minha médica. Você não está me ouvindo. Então quem faz este papel de ouvinte é médico. Os nossos amigos são nossos médicos.  Às vezes um só amigo, às vezes uma Junta Médica, para quem você pode chegar sem anunciar-se_enunciar-se sem o risco de ouvir o grito tal como o da artista Cecília Cotrim: “CHEGA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!”
Camila: dos seus médicos(as), de qual você mais gostou?
MPMP: MPMP gostou mais do Ney Matogrosso, na época era Ney Sousa Pereira e atendia no Hospital de Base de Brasília. Ele deixou de ser médico para virar  hippie e, influenciado por este movimento libertário,  virou artesão,  em seguida ator e, mais pra frente, assumiu o que ele é: cantor. Ele foi o  primeiro  vocalista da banda Secos & Molhados. Depois seguiu a carreira de cantor-solo, de forma que, após ter-se despedido dele, veio a revê-lo no show Feitiço.
Camilla: e como foi revê-lo?
JL: no Hospital, MPMP escrevia, rabiscava tendo o Ney como receptor/ouvinte/leitor. Nada mudou no que diz respeito a este percepção quando, anos depois, o reencontrou. MPMP escreveu a carta contra o sistema taylorista a que somos submetidos. A carta era intitulada “Reflexão Sobre o Não Racionalismo de Ney Matogrosso.”  Foi no período da tarde. No momento chovia muito. MPMP estava sob a marquise do Hotel Umuarama, na Rua 4, Centro, em Goiânia – Rio Meia Ponte.  O seu médico e, agora cantor, sorriu e disse: “para mim?”. E´que MPMP estava com a carta “Reflexão Sobre o Não Racionalismo de Ney Matogrosso na qual lhe disse da nossa liberdade perdida com a implantação do sistema taylorista.  no palco uma coisa e, fora, médico.  e, depois, como cantor_solo.  Ney Matogrosso, goi o inventor_inspirador da práxis terapia.
Foi bom reencontrar seu médico tanto tempo depois.
Camila: se o Ney te reconheceu?
JL: não. Impossível. Quando o Ney viu MPMP este era criança. Mudou tanto! Não havia como ser reconhecido como seu ex-paciente. Quando MPMP esteve no HBB, se não se engana,  tinha  entre 5 e 10 anos. O seu médico tinha uns 25. Quer dizer, quando Ney viu MPMP novamente,  em 1983, MPMP estava com  25 anos ( nasceu em 7.1.1959, em Sambaíba- Rio Balsas, que chamam Maranhão). Já o Ney, agora cantor-solo,  estava com 42 anos  (nasceu em 1.8.1941, em Bela Vista, não sei o nome do rio que banha esta cidade, na época chamavam de Matogrosso.).
Camila: o Ney havia mudado muito?
MPMP: Não. Para MPMP era o mesmo cara dedicado  e com uma infinita capacidade de ouvir_ler_  o outro. Não mudou. Era o mesmo de sempre.
Camila: você continua tendo o Ney como seu médico?
MPMP: sim. Tem-no como interlocutor íntimo_privado. Quando ele veio aqui pela última vez, por ocasião do aniversário dos 70 anos de Goiânia – Rio Meia Ponte, MPMP entregou para o spin cantor_médico parte de sua anamnese.  JL Mesmo após ele passar a ser cantor, continuo vendo o Ney como meu médico. E MPMP não consegue se desvencilhar disso. Tanto isto é verdade que quando o Ney vem aqui, está lá MPMP com seus escritos e objetos sensoriais para lhe entregar. Dias atrás,  durante a dormência, o Ney cantou Gyta,  de Raul Seixas.  O spin cantor cantou olhando nos olhos de MPMP. Após o término do show, MPMP deparou-se, no lado de fora,  com um pe_nascedouro de laranja em forma de meia lua, muitas laranjas. Metade árvore metade lua. Falando nisso, MPMP precisa parar um pouco para fazer um chá de folha de laranja. 


Grato,

José Carlos Lima


O que é isto?
MPMP, Metade Poético Metade Patológico, um livro

Após o momento 70º, grafar
Na capa: MPMP
Na contra-capa, assinada por quantas pessoas quiserem: Nós gostaríamos que todos atentassem para esta realidade 
Na primeira apresentação, assinada por quem quiser: MPMP através de sua anamnese, expressa-se em sua cidade-Estado cujos meses do ano são Marte (07/01 a 20/03. 73 dias.74 em ano bissexto), Júpiter (21/03 a 01/06. 73 dias ), Saturno (02/06 a 13/08. 73 dias), Urano (14/08 a 25/10. 73 dias ) e Netuno (26/10 a 06/01. 73 dias)

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